Dados do Acervo - Teses

Número de Chamada   
 
338.17351098175    F224d    T   
Autor Principal Faria, Alexandre Magno de Melo
Entradas Secundárias - Autor Campos, Indio , orientador
Universidade Federal do Pará . Núcleo de Altos Estudos Amazônicos . Curso de Doutorado em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido
Título Principal Destramando o tecido do desenvolvimento : do campesinato à hegemonia do capital agrário na cotonicultura de Mato Grosso / Alexandre Magno de Melo Faria; orientador, Índio Campos
Publicação 2008.
Descrição Física 325 f. : il. (algumas color.) ; 30 cm
Notas Tese (doutorado) - Universidade Federal Pará, Núcleo de Altos Amazônicos, Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido. Belém, 2008
Inclui bibliografias
A cotonicultura em Mato Grosso passou por uma transformação estrutural no final do século XX. Desde a implantação da atividade no início dos anos 1930 até meados da década de 1990 a produção de algodão foi realizada por empreendimentos familiares em áreas abaixo de 30 hectares, com uma baixa produtividade da terra e do trabalho. Alterações no ambiente econômico-institucional criaram condições de intensa aplicação de capitais no ramo produtivo a partir de 1997, conjugada com inovações tecnológicas e difusão do conhecimento técnico sobre a atividade. Houve uma forte elevação da escala de produção, alcançando em média 2.083 hectares em 2006, com forte expansão da produtividade da terra e do trabalho. Enquanto o campesinato manteve-se produzindo em paralelo ao capital agrário, a renda absoluta e diferencial da terra gerou forte acumulação de capital. No início do século XXI, o capital agrário se tornou hegemônico na cotonicultura e expurgou o campesinato deste ramo produtivo. O estado de Mato Grosso se tomou o maior produtor brasileiro de algodão desde 1998, com relevantes impactos na economia regional. A participação da cotonicultura no valor bruto da produção regional se elevou de 0,2% em 1996 para 2,4% em 2006. Contudo, a forte mecanização de todas as fases do processo de trabalho e a ausência da indústria de insumos e de agroindustrialização da fibra de algodão em Mato Grosso não criaram condições de absorção de força de trabalho na mesma magnitude do crescimento econômico, pois em 1985 os trabalhadores da cotonicultura representavam 2,1% dos empregos formais do estado, caindo para 1,2% em 2006. A renda gerada entre 1996 e 2006 foi assimetricamente distribuída, sendo que 77,7% do excedente foram apropriados pelo capital agrário como lucro bruto. Os salários representaram apenas 12,8% e os impostos 9,5%. O modelo tecnológico utilizado pelo capital agrário tem gerado forte homogeneização do ambiente, causado desequilíbrios ecológicos capazes de elevar a aplicação de capital constante na forma de matérias-auxiliares como agrotóxicos e fertilizantes. A estagnação da produtividade da terra conjugada com a elevação dos custos de controle da natureza tem elevado o preço de produção da mercadoria de forma consistente desde a safra de 2003, gerando dúvidas na capacidade de competição do ramo. Os resultados indicam uma estrutura sócioprodutiva incapaz de vincular desenvolvimento econômico com desenvolvimento social, pautado em concentração e centralização do capital, baixa geração de empregos, reduzida distribuição de renda e desestruturação de ecossistemas, além de depender de incentivos fiscais e crédito do governo federal. A crise das safras de 2005-2006 revelou os limites do empreendimento patronal baseado em monocultivo no trópico úmido, demonstrando claramente que a política de desenvolvimento regional da cotonicuItura adotada em Mato Grosso não rompeu com o modelo agrário-exportador, concentrador de renda e desestabilizador de ecossistemas. Este arquétipo não se apresenta como uma trajetória compatível com as necessidades de mudança coletiva estrutural que contemple uma nova racional idade produtiva e de consumo e que seja ampliada socialmente sem comprometer a estrutura e a funcionalidade dos ecossistemas que dão suporte aos projetos tecno-econômicos.
Assuntos Indústria algodoeira Mato Grosso
Algodão - Cultivo Mato Grosso Aspectos ambientais
Algodão - Aspectos econômicos Mato Grosso
Camponeses Mato Grosso