Dados do Acervo - Teses

Número de Chamada   
 
155.4    C376e    T   
Autor Principal Cavalcante, Lília Iêda Chaves .
Entradas Secundárias - Autor Magalhães, Celina Maria Colino , orientador
Universidade Federal do Pará. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento
Título Principal Ecologia do cuidado : interações entre a criança, o ambiente, os adultos e sues pares em instituiçõa de abrigo / Lília Iêda Chaves Cavalcante; orientadora, Celina Maria Colino
Publicação 2008.
Descrição Física 509 f. : il. ; 30 cm
Notas Área de concenteração: Ecoetologia
Tese (doutorado) - Universidade Federal do Pará, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento, Belém, 2008
Ao longo dos séculos, crianças têm sido cuidadas em instituições asilares, privadas do convívio familiar e comunitário, submetidas a atendimento massificado e despersonalizado. Em parte porque o cuidado à criança em instituição de abrigo é tido como uma importante medida social de proteção à chamada infância em risco. Este estudo analisou aspectos do cuidado à criança em abrigo infantil a partir de uma perspectiva ecológica, o que significa pensar em termos dos subsistemas que o constituem como contexto de desenvolvimento da criança, a saber, o ambiente físico e social, a psicologia e as práticas dos cuidadores. O trabalho discute aspectos do acolhimento e o cuidado de crianças de zero a seis anos em um abrigo público de Belém, entre 2004 e 2005. Os dados foram coletados por meio de consulta a fontes documentais, aplicação de escala avaliação (ITERS/lnfant Toddler Environment Rating Scale), entrevista semi-estruturada e observações comportamentais. Os participantes foram todas as crianças acolhidas no período considerado, 102 educadores e 19 outros funcionários do abrigo, além de 10 sujeitos focais com idades entre um ano e 11 meses e três anos e três meses. Os principais resultados podem ser assim relacionados: 1) Do total de 287 crianças, 9,4% faziam do abrigo seu local de moradia de hum a seis anos e mais de um terço foram encaminhadas à instituição com menos de um ano de idade (34,84%); 2) No universo de 102 educadores, a maioria trabalhava no abrigo há no máximo 12 meses (75,48%), sendo que 45,09% consideravam que suas expectativas iniciais com o trabalho no abrigo não haviam sido realizadas, uma vez que pouca ou nenhuma orientação fora dada quando do seu ingresso na instituição e permaneciam sem supervisão e apoio institucional às atividades diárias após o primeiro ano; 3) Com relação à avaliação do ambiente, os resultados apurados pela ITERS mostram que, em grande medida, os elementos contextuais capazes de proporcionar cuidado estruturante e estável à criança não estavam sendo assegurados pela instituição. Em quase todos os itens avaliados, verifica-se que as condições para o cuidado de crianças nessa faixa-etária são inadequadas ou minimamente satisfatórias (escore 1 e 2 na escala de avaliação); 4) No que se refere aos comportamentos observados a partir das interações dos sujeitos focais com seus parceiros, foram registrado!. 3.977 eventos, posteriormente organizados em torno das seguintes categorias: apego (32,89%), cuidado (24,06%), brincadeira (18,64%), agressão (12,42%) e autotoque (11,99%). Após a aplicação de teste estatístico (Qui-quadrado), observa-se que a freqüência com que os comportamentos foram emitidos e a quem eles foram dirigidos sofreu forte influência de variáveis como sexo, idade, tempo de permanência, relação de parentesco e tipo do ambiente onde foram gerados. Esses resultados foram discutidos em termos da sua freqüência nas interações criança-criança e criança-adulto e a sua relação com os subsistemas que constituem a ecologia da vida institucional. No âmbito geral, os resultados deste estudo demonstraram o perfil das crianças cuidadas no abrigo traduz as condições de privação material e emocional a que estavam submetidas, por vezes, desde o nascimento. O acolhimento institucional, apesar de suprir em parte suas necessidades físicas, reduz as chances de atenção às demandas de ordem sócio afetiva e cognitiva, por uma conjunção de fatores contextuais investigados, como o sistema de turnos de trabalho, a proporção criança/adulto inadequada (superior a 4:1), entre outros. A literatura nacional que reconhece as instituições de abrigo como ambiente coletivo de cuidado e contexto de desenvolvimento é ainda insipiente. E poucos estudos investigam o universo relaciona I que envolve crianças e educadores em ambiente de abrigo. Outrossim, os resultados permitem notar que, à semelhança do que mostra a literatura, a ecologia do cuidado no abrigo reflete a existência de condições ainda pouco favoráveis ao desenvolvimento infantil, com o registro freqüente de práticas de cuidado em que há pouco contato íntimo e afetuoso, interações contínuas e positivas, sensibilidade às demandas de cada criança, embora sejam muitos os episódios envolvendo interações em que a criança busca, estimula e propicia o cuidado em relação aos adultos e seus pares.
Assuntos Crianças - Assistência em instituições
Crianças - Cuidado e tratamento
Crianças - Desenvolvimento
Educadores