Dados do Acervo - Teses

Número de Chamada   
 
320.1209811    M149m    T   
Autor Principal Machado, Lia O. (Lia Osório)
Entradas Secundárias - Autor Universitat de Barcelona
Título Principal Mitos e realidades da Amazonia brasileira no contexto geopolitico internacional (1540-1912) / Lia Osorio Machado. _
Publicação Barcelona : Sn., 1989.
Descrição Física 2v. ; 28cm.
Notas Tese (Doutorado) dirigida pelo Dr. Horácio Capel, apresentada ao Departamento de Geografia Humana - Universitat de Barcelona em Junho de 1989.
Inclui bibliografias
A integração política do Pará e do Amazonas ao império brasileiro nem bem estava consolidada quando se iniciou a valorização da goma elástica nos mercados europeus e norte-americanos. A primeira fase de valorização esta relacionada à expansão do comercio internacional e, nesse contexto, surge a questão da abertura do vale do Amazonas a livre-navegação. A segunda fase corresponde à expansão da grande industria, a partir da qual a Amazônia se torna a principal zona supridora de matéria-prima para a industria de pneumáticos. A questão da livre-navegação do Amazonas motivou uma campanha diplomática, tanto por parte dos governos estrangeiros interessados como por parte do governo brasileiro. A concessão da abertura, sem embargo, foi motivada pela pressão dos interesses da oligarquia paraense, e por considerações estratégicas do governo central do Brasil diante da situação internacional que enfrentava: a guerra do Paraguai; a critica européia, que vinculou a não-abertura à existência de um estado escravocrata, precisamente no momento em que os interesses cafeeiros pressionavam pela atração de imigrantes europeus; e, finalmente, o receio de que adiar a concessão poderia supor a perda da posse do território amazônico. As considerações estratégicas foram, portanto, mais fortes que as econômicas. Com a valorização da borracha e a integração de sua área produtora ao mercado internacional, modificam-se as condições locais e, pela primeira vez, o termo "Amazônia" é utilizado para designar as províncias do extremo-norte do país. A integração econômica com o exterior parecia indicar a continuidade do passado colonial, quando os laços com Portugal eram mais fortes do que com o resto do país. No entanto, não foi assim. O governo central, composto, em sua maior parte, por representantes das regiões nordeste e sudeste, se beneficiou largamente através da aplicação de altas tarifas de importação-exportação. Igualmente, a oligarquia local paraense foi beneficiada pela economia gomífera. Os comerciantes locais estavam tão ansiosos para compartilhar dos lucros quanto de assegurar as condições políticas para tanto. Nessas condições, o controle político-militar do território pelos paises industrializados não foi necessário. Mesmo porque teria sido difícil que um só país conseguisse o controle, considerando o numero de países interessados no comercio da goma. A disposição espacial das arvores produtoras de borracha (hevea brasiliensis) e do caucho (castilloa elástica), e a organização da economia gomifera, provocaram a expansão do povoamento numa escala desconhecida ate então. Três aspectos sobressaem: o desenvolvimento da forma urbana, mesmo que de maneira restrita e difusa; a municipalização do território e a configuração de uma "fronteira móvel". O entrelaçamento entre o político, o econômico e o espacial encontrado na expansão do povoamento acaba por consolidar o controle do Brasil sobre o território amazônico, não obstante a decadência da economia da borracha.
Assuntos Amazônia - Geografia histórica